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terça-feira, 21 de abril de 2009

o monstro


O que o leitor vê na foto, publicada no blog Ca 70 do Arquitecto Silva Garcia, são os tais reservatórios de água de Beiriz, implantados mesmo ao lado das habitações dos moradores da zona.

É uma vergonha!

O Macedo Vieira tem que pôr mão nisto!

Passamos a transcrever o texto do Arquitecto que também pode ler AQUI, cujas ligeiras alterações são da nossa autoria.


"Assim vai o gorducho reservatório de água esmagando as moradias em Beiriz...Mais uma obra do Caudilho que se afirma feliz pela obra feita e capaz de dizer que, nos próximos 50 anos, não haverá outro Presidente igual a ele...Felizmente, digo eu!

Agora, neste espaço de Liberdade, aqui fica mais um texto de opinião traçado em xis pelo lápis azul de uma censura encapotada, que envergonha a Répública e a Democracia...

GATO POR LEBRE1.

Imaginem Fulana a perguntar a Macedo Vieira o que pensa da contestação de 57 moradores à construção de um aterro artificial com 4 m de altura seguido de um gigantesco reservatório de água com 6 m, praticamente encostado aos anexos de um conjunto habitacional.

Imaginem Macedo Vieira, numa sacudidela de água do capote, a criticar com azedume os cidadãos que se atreveram a defender o seu direito à paisagem, ao conforto visual e à segurança, e a alegar que em Portugal se criou o costume de contestar, sempre que se implantam equipamentos pesados junto das habitações.

Fulana, aí mesmo e naquele momento, de apelido Estupefacta, perguntou então a Macedo Vieira se viveria numa daquelas casas! Macedo Vieira respondeu com uma pergunta: “porque não?”

Fulana, aí mesmo e naquele momento, duplicando o apelido, Estupefacta-Estupefacta, insistiu: “…mesmo com aqueles depósitos?” Macedo Vieira disparou, sem margem para dúvidas, qualquer coisa como: “Ah, com aqueles depósitos ali, não!”

O episódio foi exibido no noticiário de uma noite de sábado, na SIC. Nas entrelinhas tem os condimentos de um sketch montipitoniano e há quem pense que terá sido o prelúdio de um eventual regresso dos Gatos Fedorentos à emissora de Carnaxide. A ninguém passa pela cabeça que Macedo Vieira exista mesmo e seja Presidente numa câmara nortenha.

2. Antes deste, um outro sketch teve como palco o salão nobre da Casa Grande.

Depois de várias tentativas para vencer a arrogância do eleito pelo povo com maioria absoluta - que, teimosamente, confunde com poder absoluto… - e se vinha recusando a ouvir os munícipes, o mandatário dos 57 moradores utilizou o direito de participar na reunião pública para expor a contestação colectiva.

Macedo Vieira, visivelmente irado com a expressão de cidadania, deixou o aviso "Eu não funciono sobre pressão!" (O sublinhado e meu).

A seguir - relata um jornalista - “o autarca deixou claro que esses reservatórios já há muito estavam previstos no Plano Director Municipal…”. O argumento é hilariante, uma vez que, como é típico da escala em que é feito o PDM, tais equipamentos não constam da Carta de Ordenamento. Nem constam da Planta de Enquadramento. Curiosamente, nesta, surge registado graficamente o conjunto das moradias afectadas pelo monstro de última hora.

Um outro jornalista confirma a insistência de Macedo Vieira que, rendendo-se a um alegado passado remoto, "lembrou aos moradores que a construção dos depósitos, que vão substituir os de Alto de Pega (Vila do Conde), estava "projectada para aquele local há 20 anos".

Um terceiro jornalista transcreveu o cinismo político de Macedo Vieira: “Hoje os planos são públicos e poucos concelhos têm instrumentos como a Póvoa de Varzim. As pessoas antes de comprarem qualquer coisa aos promotores têm a obrigação de se informarem sobre o que diz o Plano Director Municipal e o Plano de Urbanização.”

Quem lá esteve ouviu uma voz que trazia a força da evidência fazer a pergunta mais que perfeita:

“Então porque é que deixaram fazer as casas naquele lugar?”

Na rua comenta-se que naquele salão até as paredes têm ouvidos…Dessa vez, os ouvidos eleitos para ouvir, barricaram-se numa surdez conveniente, driblando a pergunta.

3. Em síntese: o PU não se aplica naquele lugar e as plantas do PDM não referem a implantação de quaisquer depósitos!

Afinal alguém “vendeu gato por lebre”, e não terá sido o promotor!

Como não estou habituado a fingir cegueiras, fui ver. No sítio, percebe-se como o aterro destruiu o cenário e o ambiente e como o mamarracho escurece o skyline.

Entretanto, em 2 de Julho de 2004, o reservatório primitivo, que se localiza a mais de 100 m, terá tido uma avaria. Como consequência, os anexos das habitações ora atingidas por este equívoco urbanístico sofreram infiltrações e danos diversos. Nessa altura, a água que se libertou do reservatório tinha à sua disposição uma imensa área de terreno que funcionou como manta de amortecimento ao seu impacto.

Agora, com esta intervenção, depois do aterro ter consumido mais de dois terços da área de amortecimento antes existente, qualquer ruptura num dos novos reservatórios terá, inevitavelmente, consequências mais graves: devido, em parte, à proximidade das habitações e, ainda, à escassez de espaço de recepção e absorção das águas de fuga.

Em caso de ruptura, qual é o Plano de Emergência que Macedo Vieira accionará para proteger as pessoas e os seus bens materiais?

4. Inertes, indiferentes e teimosos, os reservatórios lá se deixaram construir!

De Macedo Vieira sabemos que, num momento era capaz de viver naquelas casas e no momento imediato já não, por causa dos depósitos ali tão perto!

Resta saber se os assinantes dos pareceres e os restantes da sacudidela da água do capote gostariam de, inopinadamente, passar a viver de nariz esborrachado num barrigudo reservatório de água que se lhes plantasse na paisagem de um dia para o outro!

O capote é grande e transborda de sacudidelas irresponsáveis!

Uma coisa se impõe: que se suspenda imediatamente a barbárie e se encontre uma solução alternativa.

É indispensável respeitar os direitos ao lugar dos residentes e isso faz-se com atenção e através de um ordenamento do território inteligente!

5. NOTA FINAL.

Pelo seu valor intrínseco e pelo papel pedagógico para o resto da comunidade local, às vezes incompreensivelmente tímida, saúdo os poveiros que tiveram a coragem da cidadania e não temeram enfrentar a arrogância daqueles a quem, afinal, apenas emprestaram o poder!









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